Antecedentes:
Pingala, um estudante, músico e matemático que viveu na antiga Índia entre 400 e 200 a.C., foi o primeiro a usar um código binário de sílabas curtas e longas (traços curtos e longos), muito similar ao código Morse. Uma sílaba longa é igual ao a controlar um eletroímã localizado no fim da recepção da linha transmissora. Os limites tecnológicos da época tornaram impossível marcar caracteres individuais de uma forma compreensível. Então os inventores tiveram que criar um método alternativo de comunicação. No início de 1837, William Cooke e Charles Wheatstone operaram telégrafos elétricos na Inglaterra que também controlaram os eletroímãs nos receptores. Porém, os seus ponteiros de agulha dos sistemas giravam no sentido de indicar os caracteres sendo enviados.
Desenvolvimento
Em contraste, o sistema de telégrafo inicial de Morse e Vail, criado em 1844, marcava uma fita magnética de papel — quando a corrente elétrica era transmitida, o eletroímã do receptor girava a armação, de modo que começava a arranhar uma fita magnética móvel, e quando a corrente era desligada, o receptor retraía a armação, de forma que uma porção da fita permanecia limpa.
O código Morse foi desenvolvido de modo que os operadores pudessem traduzir as identificações marcadas na fita de papel em mensagens de texto. Inicialmente, Morse planejou transmitir somente números, e usar um dicionário para procurar cada palavra de acordo com o número que foi enviado. Porém, o código foi expandido para incluir letras e caracteres especiais, podendo assim ser usado para mensagens mais completas. As marcas curtas foram chamadas de “pontos”, e as longas de “traços”, e as letras mais comuns usadas na língua inglesa foram nomeadas nas menores sequências.
No telégrafo original de Morse, as armações dos receptores faziam um barulho de “clique”, como se se movessem para dentro e para fora da posição da marcação da fita. Operadores logo identificaram estes sons e movimentos mecânicos como o início e fim da transmissão da mensagem.
Quando o código Morse foi adotado no rádio, os pontos e os traçosm até então transmitidos por sinais elétricos, passaram a ser transmitidos como tons curtos e longos, em audio. Posteriormente foi provado que as pessoas se tornariam mais hábeis na recepção do código Morse, são as que o aprenderam como uma linguagem ouvida, ao invés de lida. Para refletir o som do código Morse, profissionais vocalizaram os pontos como “dit” e os traços como “dah”. Quando um “dit” não é o elemento final do caractere, seu som é encurtado para “di” para manter um melhor ritmo vocal.
Mensagens Morse são geralmente transmitidas por uma ferramenta de transmissão manual, como o telégrafo, mas há variações introduzidas pela prática de enviar e receber — operadores mais experientes conseguem enviar e receber em altas velocidades. Em geral, qualquer código representando símbolo escrito como sinais de durações variadas pode ser transmitido por código Morse.
Companhias de telégrafo cobravam seus clientes pelas mensagens, baseadas em sua duração e extensão. lgumas palavras foram desenvolvidos para codificar frases comuns em grupos de cinco letras, que eram enviadas como palavras simples. Exemplos: BYOXO (Você está tentando sair fora disso?), LIOUY (Por que você não responde minhas perguntas?), e AYYLU (Código não claro, repita mais claramente).
Quando considerado como um padrão para codificação da informação, o código Morse teve uma vida próspera e ainda não foi ultrapassado por nenhum outro esquema de codificação eletrônica. O código Morse foi usado como um padrão internacional para comunicações marítimas até 1999, quando foi substituído pelo Sistema de Segurança de Perigo Marítimo global. Quando a marinha francesa cessou o uso do código Morse em 1997, a mensagem final transmitida foi “Chamando todos. Este é o nosso último grito antes do nosso silêncio eterno.”
O Código Morse Internacional
O código Morse internacional moderno foi criado por Friedrich Clemens Gerke em 1838 e usado por telegrafistas entre Hamburgo e Cuxhaven na Alemanha. Depois de algumas modificações secundárias em 1865 foi padronizado pelo Congresso Internacional Telegráfico em Paris em 1865, e posteriormente regulamentado pela ITU como Código Morse internacional.
O código Morse internacional continua em uso atualmente, porém se tornou quase exclusividade dos radioamadores. Até 2003, a UIT (ITU, em inglês), designou proficiência em código Morse como parte do exame para licença de radioamadores pelo mundo, ainda requerida em muitos países, como no caso do Brasil.
A Operação em código morse necessita equipamentos menos complexos que outras modalidades de radiocomunicação. O Morse pode ser usado em condições precárias de ruído e recepção. Requer também menos largura de banda que comunicações com voz, normalmente 100-150 Hz, comparado aos 4 000 Hz de largura de banda para voz. O uso extensivo de pro-sinais, Código Q, e formatos restritos de mensagens codificadas (típicas de comunicação entre operadores) facilita a comunicação entre radioamadores que não dividem o mesmo idioma e têm grande dificuldade em comunicação de voz.
Código Morse também é popular entre operadores QRP por possibilitar comunicações a distâncias muito longas, com baixa potência. A habilidade de recepção pode ser sustentada por operadores treinados até mesmo quando o sinal é dificilmente ouvido, pelo fato de que a energia transmitida é concentrada dentro de uma pequena largura de banda, tornado possível por usar filtros receptores estreitos, que suprimem ou eliminam interferência em frequências próximas. A largura de onda estreita também tira vantagem da seletividade auricular natural do cérebro humano, futuramente aumentando a capacidade de receber sinais fracos.